sexta-feira, 26 de março de 2010

Flor encarnada






fotos: hasaliah

Colhi uma flor perdida
Arranquei dela a sua cor
Seca já ela era, bebi da sua dor

Campos abertos oferecem, deleite ao meu olhar
Colhi cardos que secam rosas, espinhos na minha pele
Feridas abertas saram mágoas, mas deixam marca
Temi que bebessem da fonte que me dá vida

Encarnei a sua força, e o destino que agradece
Flor que em prado espera, que a luz ceda ao luar
A luz e água que a rega, são dádivas que lhe dão vida



quinta-feira, 25 de março de 2010

Pedras que soluçam






fotos: hasaliah

Perto de deus te encontrei
Gente presa, amores perpétuos
Mãos que se estendem e afagam
Sem rostos, nem faces talhadas

De olhos fechados, vejo um mundo parado
De gente que não envelhece
De dores que já não padece

Com olhos abertos de água
Que esculpem a pedra de amor
Registos perdidos, de um tempo que parou
Fujo dali, sinto pavor
Saudade que cresce, ferida que não sarou




quarta-feira, 24 de março de 2010

Que um coração triste se alegre de te ver









fotos: hasaliah


Vives de migalhas perdidas
caídas, achadas ao acaso
pedaços de uma vida, embrulhada aos bocados
Perdes-te nos caminhos que fazes
ignoras os trilhos marcados

Buscas em vão, uma estrela de luz
Que a noite não revela, a tristeza cega
A manhã em nevoeiro encobre, e só descobre
no calor de um sorriso que o dia te oferece
agarra-o por ti, o amor não apela

Tesouro escondido, que teimas em esquecer
Regaço estendido, às flores de primavera
Que virá mais cedo, cobrir as sombras de cor
Tecer um tapete que a magia revela
Que os olhos não vêem, mas que o teu coração alegra

domingo, 21 de março de 2010

Porto de abrigo




fotos: hasaliah

Olhei dentro dos teus olhos e vi o azul do mar
Era noite, mas confiei no dia claro
Abriste um caminho que percorri
Estrada aberta ao mundo escondido em ti

Naveguei para fora do meu mar
Descobri um mundo novo e paragens para sonhar
Rumo desconhecido com coordenadas ditadas ao vento

Sei que vou, não sei para onde
Gaivota em terra vai assinalar
O porto seguro, que procuro longe
De mim fujo, levo comigo o que não perdi
Só quero encontrar o meu porto de abrigo!